terça-feira, 27 de abril de 2010

METÁFORA

Metáfora é a figura de palavra onde um termo substitui outro em vista de uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam. Essa semelhança é resultado da imaginação, da subjetividade de quem cria a metáfora. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo comparativo não está expresso, mas subentendido.
Na comparação metafórica, um elemento A é comparado a um elemento B através de um conectivo comparativo (como, assim como, que nem, qual, etc. ). As vezes a comparação metafórica traz expressa no próprio enunciado a qualidade comum aos dois elementos.Observe os exemplos:

Esta criança é forte como um touro .
elemento A qualidade comum conectivo elemento B

Já na metáfora, a qualidade comum e o conectivo comparativo não são expressos e a semelhança entre os elementos A e B passa a ser puramente mental:
Do ponto de vista lógico, a criança é uma criança, e um touro é um touro. Uma criança jamais será um touro. Mas a criança teria a sua força comparada á de um touro.
Veja o exemplo:

“O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais”(Carlos D. de Andrade)

A associação do tempo a uma cadeira ao sol é puramente subjetiva. Cabe ao leitor completar o sentido de tal associação, a partir da sua experiência. Essa metáfora,pode ser compreendida das mais diferentes formas. Isso não quer dizer que ela possa ser interpretada de qualquer jeito, mas que a compreensão dela é flexível e ampla.
Observe a transformação de comparações metafóricas (ou símiles) em metáforas:

O Sr. Tertuliano é esperto como uma raposa.
(comparação metafórica)

O Sr. Tertuliano é uma raposa.
(metáfora)

A vida é fugaz como chuva de verão.
(comparação metafórica)

A vida é chuva de verão.
(metáfora)

No último exemplo, o elemento A (as mangueiras está sendo comparado ao elemento B (intermináveis serpentes),há uma semelhança no modo como ambos se põem em relação ao chão. Os galhos da mangueira, por serem baixos e tortuosos, lembram intermináveis serpentes
Na linguagem cotidiana, deparamo-nos com inúmeras expressões como:

cheque-borracha
cheque-caubói
voto-camarão
manga-espada
manga-coração-de-boi

Nos exemplos já vistos, fica claro o porquê da existência de metáforas. Diante de fatos e coisas novas, que não fazem parte da nossa experiência, temos a tendência de associar esses fatos e essas coisas a outros fatos e coisas que ele já conhecemos. Em vez de criar um novo nome para o peixe, associamos um objeto da nossa experiência (espada) e passa a denominá-lo peixe-espada. O mesmo acontece com peixe-boi, peixe-zebra, peixe-pedra, etc.

Os verbos também são utilizados no sentido metafórico. Quando dizemos que determinada pessoa "é difícil de engolir", não estamos cogitando a possibilidade de colocar essa pessoa estômago adentro. Associamos o ato de engolir (ingerir algo) ao ato de aceitar, suportar, agüentar,conviver. Alguns outros exemplos:

A vergonha queimava-lhe o rosto.
As suas palavras cortaram o silêncio.
O relógio pingava as horas, uma a uma, vagarosa mente.
Ela se levantou e fuzilou-me com o olhar.
Meu coração ruminava o ódio.

Até agora, vimos apenas casos de palavras que assumiam um sentido metafórico. Existem expressões inteiras (e até textos inteiros) que têm sentido metafórico, como:
ter o rei na barriga: ser orgulhoso, metido
saltar de banda: cair fora, omitir-se
pôr minhocas na cabeça : pensar em bobagens , pensar em tolices
dar um sorriso amarelo: sorrir sem graça tudo azul: tudo bem
ir para o olho da rua: ser despedido, ser mandado embora

Percebemos que a metáfora afasta-se do raciocínio lógico, objetivo. A associação depende da subjetividade de quem cria a metáfora, estabelecendo uma outra lógica, a lógica da sensibilidade.

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